domingo, 30 de agosto de 2015

des(conexo) (1) (2)



(1)
o teu sexo dentro do meu pum fodeu a gloria da história
desinteresse pela memória volta a ser
ferver
roçar
são palavras nada de mais igual à merda
o pensamento não conflui como se espera.
sexo ermo não se ergue em termo e repete-se a andança até chafurdar em lama

(2) 
repete-se repete-se repete-se repete-se repete-se repete-se repete-se repete-se stop!
repete-se repete-se repete-se repete-se habito matinal nada de anormal
onde a tua
foi cair
pim
haaH
annad!
glória dos céus
quem comanda o monte hebreu
foi para lá de cannaa que os teus seios se apossaram da manhã solarenga
e quente
e repetesse em perder na tua boca sumarenta





Silêncio!...
Chocam-se os beijos
Na volúpia do sexo.

domingo, 3 de maio de 2015

Não é só...












Ao fazer a cama de lavado,
Ao repuxar os edredões brancos,
Encontrei um cabelo teu.
Tinhas de me vir fazer lembrar

Que o sexo é só uma ínfima parte do prazer de te ter.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A Mariposa beija-flor


A luz do sol colide com as ramagens e folhas daquela floresta.
A quem a olha, pelo seu interior, parece que a claridade surge por vitrais verdes de uma catedral. A basílica da natureza glorifica o dia e guarda no seu interior, como num sacrário da virtude, uma amarela casa apalaçada.
A sua arquitetura senhorial e nobre, com as suas paredes amarelas e arcadas redondas, não destoa da natureza vítrea e verde que a cerca. Complementa-a, dando-lhe uma suavidade edílica que nos remete para os sonhos e fantasias principescas.
Neste lugar, o silêncio perpetua-se na brisa lenta e algo se move.
Uma visão, um espectro claro, um ser sem cor, colorido e abstrato. Vagueia vagamente por entre os sombreiros, deslizando pelos troncos, deslizando pelo chão de terra como se voasse.
Pára diante de um dos muros do palacete e escuta, espreita por uma das suas janelas de vidros losangulares. Olha para uma sala ampla, moderna e minimalista. Tons castanhos a preenchem. Parece sossegada; calma; confortável; acolhedora. Deitado no sofá comprido descansa alguém. Um homem dorme profundamente, de dorso para cima.
O ser entra. Imiscuísse por entre a parede, como uma presença incorpórea e imaterial. Paira sobre a sala aproximando-se do sofá e olha para o homem, como se flutuasse sobre ele. Observa-o…
Parece-lhe belo, jovem, robusto, mas sem um aspeto bruto. É loiro, cabelo curto e barba cerrada. A sua respiração é lenta e os seus olhos estão fechados, pálpebras pousadas. A única coisa que o homem tem vestida é uma t-shirt e umas cuecas, repousando com as mãos por cima do tronco.
Pelas divisões o ser pressente outra presença e afasta-se do homem. Ele está a dormir, absorto em sonhos, não é um incómodo.
Paira até à entrada de um corredor e observa, aguarda. Este é todo envolto em madeira, castanho-escuro, envernizada, e o seu fundo abre para uma divisão clara, branca, preenchida de névoa e vapor, orvalho quente e sedutor.
Ele sabe, ele sabe, ali aguarda e espera a sua ansia.
Deixa para trás a floresta, deixa para trás a casa apalaçada, deixa para trás o homem. É como se não existissem mais, não existem mais. E entra para a claridade daquela divisão.
É uma sauna interior. Rodeada de vidros a todo o comprimento e altura, o sol atravessa-os aquecendo o ar. Uma larga piscina azul reflete de celeste as paredes e a água ondula ondulando sombras claras pelas paredes. Ao fundo da piscina há uma divisão oculta por umas portas vítreas baças. O ser ouve um chuveiro a correr. Por detrás das vidraças foscas vê a sombra banhada de um corpo feminino firme e carnudo.
A mulher pára de tomar balho, abre a porta corrediça e sai para a piscina.
Seu corpo é esguio, magro mas roliço, em tons morenos. Seu aspeto egípcio e sua vagina gorda e volumada.
Olha para o ser mas não se surpreende. Talvez um pouco espantada, incrédula, excitada. Sorri.
Age como se ele não estivesse ali, como se não existisse, como se fosse o espectro e fantasma que é. Desce as escadas em direção à piscina e entra nas suas águas. Passeia o seu corpo nu e a sua vulva cheia.
O ser observa-a em expectativa. Ansias de saliva lhe sobem à língua. A excitação toma conta da sua mente e do seu ventre.
Aproxima-se dela e abraça-a. Roça-se nas suas pernas, nas suas ancas. Atrofia-se em respirações descompassadas. E ela gosta, quer, puxa por ele em abafos.
O ser não aguenta mais e abre as pernas, abre a púbis. E o seu pénis, fino e enrolado, como o bico de uma Mariposa beija-flor, desenrola-se em ereção. Entra na vagina carnuda da mulher e incha de sangue, aumentando de volume, preenchendo-a de prazer.
Ah, como ela ama, como ela gosta! Exulta de deleite! Arqueia-se para trás e alça os seus mamilos morenos e duros.
O ser apalpa-lhe as tetas, apalpa-lhe as tetas. Incha, incha o pénis inchado e vem-se num jato roçado…


A mulher repousa, descansa satisfeita. O pénis desincha lentamente e enrola-se para a púbis do ser.
Ele, mais calmo na sua ansia, não tem mais nada a fazer ali. Atravessa as paredes e vagueia, para sonhos e fantasias de outras paragens.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Fica




















Fica
Distante,
Abstrata,
Embrenha-me em devaneios insaciáveis.
Margens de miragens,
Imagens.

Consumo-me à luz sépia da tua vulva.
Ilusões…

Quero não te querer,
Que a vontade exulte em mim desejos aglomerados
Que corroam o meu Ser em reflexões desconexas
Para formalizar o teu corpo em eróticos poemas.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Mundo cão

http://imgbuddy.com/lucian-freud-dog-paintings.asp


No meu mundo cão a bela adormecida surge nua e alva, e acorda com beijos no ventre.

No meu mundo cão acordo. Passo os dias a procrastinar e a me masturbar.

No meu mundo cão sou um homem indistinto num mundo de gentes em que sou um cão.
                                                                       

sexta-feira, 3 de abril de 2015

O teu corpo voa


Quando não pensas em nada e a tua mente se esvazia, o teu corpo voa.
Mas o meu corpo não! Ele está aqui, presente, nesta realidade abstratamente concreta.
Por isso, sinto. As tuas unhas cravadas no meu pescoço, enquanto te roças no meu colo.
Para trás e para a frente, para cima e para baixo, reviras os olhos e entras e transe. Voas, enquanto me arranhas.
A dor que se me crava no corpo atinge-me os testículos, encolhendo-os. Mirra-os em ejaculações violentas no teu útero.
Balbucios em arfares endemoniados saem-te do peito em voos incorpóreos, dementes, depois de um vazio de pensamentos nulos.
E eu aqui! Aqui! Contigo sobre mim, presente neste corpo da minha ideia.