O universo social move-se
fluentemente por um conjunto repetido de desejos biológicos. Desde a China até
aqui, deste o rés-do-chão até ao décimo andar deste prédio barulhento. Da
meia-noite até à meia-noite, vontades repetem-se. Milhares de animais humanos
querem, sentem, no mesmo instante que eu, uma vontade inumana de se perfazer.
Na minha individualidade feminina,
incute-se-me no meu ventre, um palpitar latente. Nesses momentos, quero não me
sentir.
Por isso, imagino…
Um cheiro a aftershave, um rosto vincado, uma grossa barba por fazer a
arranhar-me o pescoço, umas ásperas mãos a afagarem-me. Um peito onde
esborrachar os meus seios. Um pénis ereto nas minhas cochas. Um suspiro longo e
violento, que me retire deste desacompanhamento.