domingo, 22 de julho de 2012

Desejo solitário




O universo social move-se fluentemente por um conjunto repetido de desejos biológicos. Desde a China até aqui, deste o rés-do-chão até ao décimo andar deste prédio barulhento. Da meia-noite até à meia-noite, vontades repetem-se. Milhares de animais humanos querem, sentem, no mesmo instante que eu, uma vontade inumana de se perfazer.

Na minha individualidade feminina, incute-se-me no meu ventre, um palpitar latente. Nesses momentos, quero não me sentir.

Por isso, imagino…

Um cheiro a aftershave, um rosto vincado, uma grossa barba por fazer a arranhar-me o pescoço, umas ásperas mãos a afagarem-me. Um peito onde esborrachar os meus seios. Um pénis ereto nas minhas cochas. Um suspiro longo e violento, que me retire deste desacompanhamento.